9 de jun. de 2010

Os Tempos de minha Infância

Lendo e me interando sobre o gênero Memórias Literárias, para ministrar nas minhas turmas de sétimo e oitavo anos, acabei revendo o lindo texto "Meus oito anos" de Casimiro de abreu, que me inspirou a fazer uma Paródia e ao mesmo tempo uma Memória Literária para me tornar construtivista naquilo que estou sugerindo que meus pupilos façam...

"MEUS ONZE ANOS"

Ah que saudade que tenho, dos tempos de minha infãncia, aurora de minha vida, sonhos, aventuras, harmonia em meio ao pouco que tínhamos.
eis que o ofício de papai, escrevente da marinha do Brasil, levou-nos a ser meio nômades, papai era frequentemente transferido, e isso não sugeria problemas para nós, parece que o porto seguro estava indo junto, desbravar um novo mundo...
Nascemos em cabo frio, já por aventura de meu admirável pai mineiro, que não queria ser policial como meu bravo avô, e nem servir ao exército, parecia pouco para ele, que queria navegar os mares...
roubou minha mãe do colégio interno, aonde estudou, pobremente, servindo, limpando as salas de aula no bairro São Conrado do Rio, oportunidade única para uma moça que desejava estudar e era de uma cidadezinha mineira que sequer constava no mapa, tão pequenina...
Casaram apaixonados e vivem apaixonados até hoje. De início meu pai veio servia na Base aérea de São Pedro da Aldeia, aonde nascemos eu e minha irmã, pequeninas ainda fomos com nossa família para Ladário, mato Grosso do Sul, pantanal matogrossense, e é daí que começam as minhas memórias...
O calor daquele estado me fazia estar sempre com crises de bronquite, internada muitas vezes, mas eis que quando estava em casa, era bom demais. Rio Paraguai, e daí já me recordo a família toda formada, meus outro dois irmãos que nasceram por lá... Os banhos no rio paraguai nos fins de semana era algo especialíssimos para nós, as crianças aventureiras, que andavam caçando as gigantescas baratas, ou a caça de gibóias, tão comum por lá... No rio papai e mamãe pescavam nosso almoço semanal, lambaris, deliciosos lambaris... Piranhas, fritas, perfeitas e aprendemos a nadar nas águas escuras do rio Paraguai...E lá apostávamos corridas, nos escondíamos de nossos pais, enquanto papai ficava bravo com nossas peripécias, mamãe ria baixinho, mas como mulher sábia nos exortava, com brandura e muita conversa. dia melhor não podia existir, íamos dormir sempre exaustos e felizes, das frutas que caçavamos no pé, dos esconderijos que inventávamos, dos balanços que nosso pai fazia na árvore de nosso quintal na vila militar...
e eis que depois de sete anos ali, fomos transferidos para Brasília!! Não havia relutãncia, a resposta era sempre positiva,_ Eba... vamos morar no Planalto Central!!!
Como me lembro de tudo, da escola pública tão boa, que nenhum filho de sargento ou mesmo oficial necessitava colocar o filho no ensino particular... guará 1 - quadras bem organizadas, pracinha em frente de casa, eu pré adolescente a mais velha, muito ligada ao rock da época, mamãe extremamente católica, se aborrecia com meu estilo rebelde, querendo mudar o mundo. Lembro-me quando briguei pela primeira vez na escola, o motivo era justíssimo, uma menina repetente roubava a merenda de minha irmã todos os dias... E mana ía na minha sala reclamar: _ Moném, a menina roubou meu lanche de novo!!! ah, é... dessa vez eu dou uma surra nela!!!
E rolamos na saída...Fui suspensa, levei uma surra de meu pai e minha mãe parou de falar comigo por uma semana... nada doía mais que minha mãe não falar comigo...
Pai machista, meus irmãos começaram a crescer, e tinham por missão vigiar eu e minha irmã para não namorarmos, porque já estávamos beirando onze anos, e o corpo mostrava as primeiras mudanças, nos fazendo parecer bonitas e já, atraentes...
mas eu me apaixonei perdidamente pelo Lizandro, mas era namoro tão diferente dos de hoje em dia, eram poesias que mandávamos entregar um ao outro, morávamos na mesma quadra, mas em extremos diferentes.... namorar era ele aparecer na pracinha, e eu até então tão moleca, só queria jogar queimado, ficar cantando as músicas de Renato Russo ou andar de bicicleta, meu robie favorito, apostávamos as corridas, e voltavamos atrasados para o jantar... sempre na mesa com todos reunidos!
dias de chuva, eis que fazíamos cabanas de cobertores, e recortávamos mais de mil bonecas de papel, para ficar colocando lindas roupas, todas as roupas que não podíamos ter, filhos de cabo que éramos, nem pizzaria frequentávamos, quando muito era um barzinho para papai tomar cerveja e a gente comer salgadinho, e mamãe seu sempre preferido sprite.
Pois meu irmão mais velho já estava na minha cola, como brigávamos eu e ele, que raiva tinha eu de estudar o dia todo e ele tirar notas maiores que as minhas...
A irmã de Lizandro estudava na minha sala, quarta śerie, e era o pombo correio, como isso existia, ninguém acredita!!!
e ele queria me encontrar e me dar o primeiro beijo e insistia nisso, mas que medo, medo da minha mãe nunca mais falar comigo, ludibriava meu irmão como podia, mas ele me viu debaixo do guarda-chuva de Lizandro dando um selinho inesquecível, pronto, estávamos namorando... Pronto, meu irmão descobrira...
Pior, o pai de Lizandro foi transferido para o rio Grande do Norte, e não durou muito nosso namorico, se é que se pode chamar assim.
Lembro-me de como chorávamos e jurávamos amor eterno, por cartas, iríamos nos casar, veridicamente... mas a vida continuou e as cartas não duraram mais de dois meses. simplesmente deixaram de existir... passamos a frequentar o clube dos praças , íamos pegar mangas no Parque da cidade, fazíamos orações na catedral, e pique nique em frente a explanada dos ministérios... competíamos para ver quem subia a Bacia do Palácio do Planalto, mas ai que raiva, só meu irmão mais velho conseguia e voltava zoando no nosso passat tanto que vezes por outra eu começava a bater nele, como ele gostava de me irritar....e como eu me irritava a toa, zen mesmo era minha irmã e meu irmão Vinícios. Nós, eu e meu irmão Júnior saímos a papai, bravos, tirados a juízes, indignados com todas as formas de injustiças, como se pudéssemos consertar o mundo.
Papai e mamãe eram muito apaixonados, feira era todo mundo juntos, lá no guará 2 - que mico e íamos todos, eu já não tava mais pra isso, mas ai de mim se dissesse alguma coisa, que fosse feliz com o pastel e a garapa depois da feira de domingo! mas eu era...todos éramos.
Situaççõoes difíceis, vivemos também, tão difíceis que tivemos que sair de Brasília, se não meus pais iriam se separar! As mulheres de Brasília éram ricas, bonitas, estudadas, e mamãe abdicou de tudo isso para nos criar!
e fomos morar na Ilha do governador, nessa época papai estava cursando para sargento e estudávamos no colégio Óperon, da burguesia inferior da Ilha do Governador... foi ali que fui muito incentivada a estudar Português, participar de concursos de redação e participar de um grupo de teatro, que eu amava muito! Não posso deixar de dizer que morando em Brasília, meu pai ia visitar meus avós de passat ao menos uma vez ao mês, o que nos dava sempre as recordações mineiras, nossos aniversários éram a beira do rio São Francisco, ao invés, de bolo, cantávamos parabéns com ovo cozido e a vela que mamãe colocava, quanta alegria, acho que nenhuma outra família no mundo pode imaginar o que vivíamos, no carro as músicas todas do repertório infinito de mamãe, mas eu tentava infiltrar meu repertório, que aos poucos eram assimiladas por meus irmãos mais novos, e até por mamãe, algumas vezes...
Ilha do governador era praia da Bica, e fim de semana íamos até para Copacabana, de ônibus, mas o que mais lembro são dos passeios pelo Jardim Guanabara, das férias em Minas, o namoro de primos, os parques que queríamos ir, o circo que chorávamos e fazíamos coral para entrar...
Surra sempre levamos, calávamos a boca assim que papai olhasse para nós, quanta autoridade ele tinha e tem conosco.
Mudar-me para São Pedro da Aldeia foi minha maior relutância, lá eu fazia teatro, morava em bairro bonito, e aqui iríamos morar num interio feio, bairro estranhoo, tudo era extremamente feio perto do que tinha vivido em Brasília e Rio. Eu esperneei muito, e não fui a única.
Para recompensar papai nos matriculou no almirante Barroso, escola da época, e com o tempo passou a ser muito bom nossa relação na escola!
Eis que tornamo-nos evangélicos e passamos a frequentar igraja diferente, com muito louvor , acampamento, igreja passou a ser algo legal, porque tínhamos os grupos de nossa idade, e nos reuníamos para ir a praia, para jogar boal, entrosamo-nos...
conhecemos nossos pares, casamo-nos, um por um, e mamãe foi estudar, papai deixou de ser tão ciumento, e mamãe fez Letras, assim como eu, minha irmã virou Pedagoga, meus irmãos vivraram Oficiais da marinha, o incentivo aos estudos era algo muito notório em nossa casa, comíamos ovo, mas estudávamos em boas escolas, meu pai e minha mãe sempre tiveram essa visão...Que bom, ao menos nossa vida profissinal ficou verdadeiramente garaantida, visto que o meu casamento acabou, e não consegui reproduzir aquele modelo tão lindo tão perfeito... Mas como nem tudo são flores, temos uma visão de aprimoramento de caráter que tem se tornado real em minha vida, e é como se fosse as cartas com Lizandro, em meus oito anos, aos poucos passei a não sentir falta, falta alguma, porque algo extremamente novo e maravilhoso foi substituindo, substituindo, substituindo...
Sou feliz demais por ter uma família maravilhosa!

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