Introduzir um tema, Desenvolver um tema Na Introdução é necessário antes de tudo, compreender o tema com exatidão. A segunda função da Introdução é revelar como o tema será abordado: qual é a linha de análise da Redação, que pontos de vista serão defendidos e que tópicos precisam ser comentados. A palavra desenvolver é uma derivação prefixal de “envolver”. Dessa origem , pode depreender seu significado: “desembrulhar, desenrolar, desdobrar. Com o tempo, a esses sentidos acrescentam-se outros, assemelhados: “fazer progredir, melhorar, estender, aprofundar.”
Unidade do desenvolvimento: Parágrafo é uma unidade uma unidade de texto que desenvolve uma ideia principal, articulada ao todo da Redação, e não um “pedaço” do texto , isolando sua argumentação básica. Todas as argumentações dos parágrafos devem estar bem articuladas, planejadas para não correr o risco de obter parágrafos sem fundamentação e consequentemente, textos artificiais.
Coerência: Quando se fala em coerência, pensa-se logo em “não-contradição”. De fato, um texto não deve refutar aquilo que acabou de defender. Em poucas palavras, ter coerência significa “fazer sentido”, ou seja, idéias com lógica, “fazendo parte desse mundo”, problemáticas e críticas com possíveis soluções. É importante ressaltar aqui uma seqüência lógica de idéias, ou seja, idéias que puxem umas as outras, que um parágrafo continue um raciocínio anterior. Só assim conseguimos o sentido profundo da palavra texto, cuja raiz etimológica é a mesma de “tecido”, configurando um entrelaçado de idéias e fios. De nada vale explicações complexas, inteligentes e mirabolantes sem respostas, sem empilhamento e idéias “amarradas.”
Coesão: Seqüência lógica do texto. Prima da coerência. Conjunto de recursos que estabelece a ligação entre as partes do texto. De um parágrafo ao seguinte, sempre devemos conduzir o leitor, como se quiséssemos que ele acompanhasse nosso raciocínio sem tropeçar, e acabar por cair em abismos. Sem coesão, não adianta coerência. Aqui entram necessariamente os conectivos e os ganchos semânticos. – Trechos que retomam a idéia anterior, ou que antecipam o que está por vir. Entram os termos anafóricos ( retoma algo que já foi dito e os termos catafóricos ( diz respeito a termos que serão ditos posteriormente).
Exemplo / ideia Para que o entendimento seja preservado, o uso de exemplos constitui uma das melhores técnicas à disposição do aluno. Além de seu papel ilustrativo, as situações concretas passam ao leitor a mensagem de que o redator está pensando com base na realidade, ou seja, suas idéias não se restringem a pura abstração, e têm aplicações práticas. A utilização de evidências torna menos vulnerável a tese defendida.
Qualidade: diversidade, força intrínseca, contra-argumentação, organização, raciocínio lógico. Para que haja qualidade é necessário trazer conteúdo à redação. Algumas qualidades desejáveis: Objetivo do texto dissertativo-argumentativo é convencer o leitor , uma estratégia bastante eficaz é a diversificação dos argumentos. Nessa dimensão, o texto pode se tornar frágil pela única defesa. A força de cada argumento será proporcional a força de cada argumento em separado, por isso é importante que sejam deixados de lado pontos frágeis e muito discutíveis, do contrário pode parecer que as razões não são suficientes para sustentação da tese. Sempre muito eficiente para convencer o leitor é a famosa contra-argumentação. Trata-se de uma tática em que o autor do texto combate um aspecto da opinião alheia, como forma de sustentar o próprio ponto de vista. Além de ser uma estratégia relativamente frágil, costuma ser bastante envolvente e aprofundadora, levando à adesão do leitor.
Dúvida Originária Toda argumentação nasce de uma dúvida, não se trata de verificar algo como absoluto e indiscutível, trata-se de reunir todos os elementos para sustentar uma opinião de maneira que ela pareça a verdade, por isso, seja racionalmente aceitável.
Objetivo / Motivação
Razão e lógica Argumenta-se para levar o leitor a aderir a opinião do falante. Há fatores anteriores ao propósito de convencimento. Em anúncios publicitários o objetivo é convencer pelo interesse de levar o público a consumir determinado serviço ou produto. Há aí artifícios emocionais para persuadir os receptores de sua mensagem. Na argumentação o foco subjetivo não convém, aqui o importante é dirigir-se à consciência do leitor, à razão. Por isso a essência de qualquer argumentação – formal ou informal – encontra-se no uso de raciocínios lógicos. Quanto melhor se utiliza a razão para propor ou compreender algo, melhor é o debate.
Argumento – Fundamentação Factual (evidências ) – Fundamentos “Ideais” ( ou premissas) Argumento é igual a Opinião + Fundamentação. Nessa estrutura, a opinião corresponde à idéia que se queira defender e a fundamentação é o conjunto de premissas e evidências que a sustentam. Opiniões válidas são fruto de exames, debates e reflexão. Fundamentos factuais ( ou evidências) : para embasar certas idéias , a melhor forma de ganhar credibilidade é utilizar referências à própria realidade. Tal é o caso de uso de exemplos, fatos históricos ou estatísticas. Premissa é uma idéia sustentada por outras idéias, Essa forma de sustentação de argumentos é bastante sólida e constitui um meio ainda mais comum que o uso de evidências.
Temas sugeridos para dissertação: - Por que o brasileiro transgride as leis?
- Pena de morte no Brasil?
- Conflito de gerações. (ainda escrevo sobre esse tema, se eu sou muito nova, você é muito velha!)
EX de introdução desse tema:
Pena de morte no Brasil:
Nem sequer como medida exemplar a pena de morte pode ser justificada. São inúmeros os estudos a mostrar que a aplicação desse dispositivo não diminui a criminalidade. Na medida em que toda sanção tem como um de seus objetivos coibir a reprodução de comportamentos anti-sociais, só esta constatação bastaria para desautorizar o uso de método tão bárbaro e sinistro.
Verdade que no mundo moderno escândalos de corrupção se sucedem sem punições apropriadas. Em sua origem, mais que uma forte ganância está a postura elitista e descompromissada com a sociedade. Isso talvez explique tantas promessas que não são cumpridas, e o abuso de poder, desses que deveriam dar o maior exemplo.
Prostituição de menores que sem apoio dos pais, são levados à rua para trabalhar, envolvimento com drogas de fascículos importantes da sociedade, sociedade que exclui! Exclui àqueles que não obtiveram rendimento escolar desejado, exclui toda forma de recuperação daquilo que ela mesma gerou.
Culpar os políticos no entanto, significa culpar a própria sociedade. Sem dúvida, se considerarmos que , nas democracias – regime predominante hoje – os eleitores têm poder de alterar os quadros de poder, a má atuação de políticos é responsabilidade de todos. Se não o fazemos, demonstramos uma postura alienada, cuja base está no individualismo contemporâneo. Afinal, para problemas imediatos, as soluções coletivas não parecem ser a melhores, a visão é de formação de outras classes menos elitistas, onde o analfabeto nem é mencionado.
Ainda que políticos e eleitores fossem mais engajados, o descrédito permaneceria. Isso porque o próprio sistema apresenta falhas estruturais de difícil modificação. Até as escolas públicas são separatistas, as de classe média e de paupérrimos. Tudo parece ineficaz! A sociedade escolhe por si mesma pela desvalorização enquanto pessoas. Problemas complexos como o tráfico de drogas e a miséria têm tantos fatores envolvidos, que qualquer solução exigiria bem menos egoísmo, palavras simplistas e mãos dadas.
Diante de tal panorama, torna-se evidente que a descrença na política não constitui apenas um problema circunstancial. Trata-se a rigor, do sintoma de algo muito mais grave: a indiferença do homem com ele mesmo. Quando a política se torna motivo de piada e sinônimo de impotência, é a sociedade que mais perde.
Resta saber se queremos voltar ao passado e recuperar o sentido da vida dos apóstolos onde tudo era de todos, ou se preferimos esse retorno passivo, partidário e principalmente hipócrita. Isso sim, leva-nos dia-a-dia a uma pena de morte de sonhos e mãos dadas!