28 de ago. de 2010

Conte um conto e aumente alguns pontos!- Insucessos e inglórias servem de quê?

Conte um conto e aumente alguns pontos!

Insucessos e inglórias servem de quê?

Um vestibulando escreveu-me frustrado por seus três anos perdidos na luta inglória por ser médico. A vida, que é dura, reprova aos eliminados pelo caminho com total tranquilidade. Fiquei alguns dias pensando numa provável resposta, já que naquele momento a atitude desse estudante fora totalmente repulsiva, até mesmo para comigo que nada tinha a ver com a história! Ou temos? Devemos preparar estudantes somente para receber aplausos ou principalmente para enfrentar suas derrotas?
Por aqui devemos parar e passar a estimulá-los a terem metas. Inicialmente nas relações sociais! Ora, deveria eu ter ouvido todas aquelas palavras indiáticas que me levaram a ter vontade de enxotá-la!? As relações sociais são hábitos tratáveis com pessoas que por vários motivos ainda estão inseridas em suas funções. Teria esse vestibulando pensado na catastrófica vida de um iniciante no curso de Medicina? Estranho currículo esse que leva a muitas desistências! Estudar Medicina pressupõe estudar inicialmente cadáveres, injetar-lhes formol, conservar estes corpos para, só então, descobrir a causa da morte! Não era estudar a vida para livrar da morte?! Não era observar o sangue correndo lindamente nas artérias e fazendo pulsar o coração? Não era ver o rim filtrando esse sangue e retirando todas as substâncias nocivas? Ou o pulmão sorvendo o oxigênio e o conduzindo ao cérebro que comanda e envia estímulos a todo o corpo? Não só era, é! Mas antes de observar isso, é encarar cadáveres... Os vômitos, as tonturas e desmaios são reincidentes. As noites são mal dormidas!
Vixe, como alguém pode perturbar a luta pela paz num momento de alguém nesse estágio de curso?! Já não basta ter que aprender enfiar agulha em veia de morto e vencer toda sensibilidade? Já não basta ter de chorar sobre todo o leite derramado, quando muitas vezes descobre-se o erro médico e a dificuldade de executar diagnósticos? A vontade que dá é de dizer : - Derrape nessa curva imprevisível de suas palavras, que lhes foram inevitáveis, derrape e caia!
Mas o que se há de sábio para se responder é: -Não há pódio sem derrotas! Muitos não sobem no pódio, não por não terem capacidade, mas porque não souberam superar os fracassos do caminho. Alguns não tiveram paciência para suportar o não! Não tiveram ousadia e bom humor para enfrentar as críticas , nem humildade para reconhecer suas falhas.
Mais importante que tentar de novo Medicina ou escolher ser dona de casa, é desenvolver habilidades, principalmente a tal Relação Social, faculdade tão pouco exercida nos dias atuais, mostrando-se hábil e gentil para com todos, seja você um cursista eleito, ou um desistente ou perdedor. Saber perder é tão importante como saber persistir. Mas mais importante é saber tratar com todos, e eliminar de seus sentimentos, o mais repulsivo, a saber, a inveja! Paz!

Inspirado nos livros: Melhores contos - Moacyr Scliar, Pais brilhantes, professores fascinantes - Augusto Cury.

22 de ago. de 2010

Inspirado no livro “Comédias para se ler na escola” Luis Fernando Veríssimo – Seleção de Ana Maria Machado. Uma semana sem agravantes...

Inspirado no livro “Comédias para se ler na escola” Luis Fernando Veríssimo – Seleção de Ana Maria Machado.

Uma semana sem agravantes...

No domingo é sempre o dia da visitação forte de Deus, para quem clama, então pedimos antes de tudo, digamos a verdade, uma semana sem agravantes... Sem graves problemas em casa, que os mantimentos que há na despensa supram as necessidades de nossos filhos, que eles aprendam a escovar os dentes e pratiquem isso sem termos que falar mil vezes, que a fé e alegria prevaleçam em nosso trabalho, que não haja brigas de alunos, que professores não se atropelem em suas sedes de corrigir erros graves da falta de aprendizado, de leituras, que não desistam frente a tanto salário e pouco trabalho, ou melhor, o contrário. Que professores ainda ganhem bem no Brasil!
Que não venhamos a atar nós diante de quem não tem dó. Quem saibamos lidar com jovens irreverentes criando anedotas que busquem o lado respeitoso da vida, tão esquecido.
Que vejamos quanto temos progredido, para não pensarmos que não estamos ajudando em nada, afinal a neurose só tem sumido mediante boa leitura, mesmo que nos confronte, ela tem sido imprescindível nas insônias.
Mas sendo um tímido notório, se esse é seu caso , que retumbante timidez é essa que atrai tanta atenção!? Esse paradoxo psicanalítico caia por terra, na medida que você já não consegue disfarçar sua vontade de se esconder e acaba sendo um exibido gritante: Não me olhem, não me olhem...Seria para chamar a atenção?! Um professor deixa de ser tímido, entre aspas, porque só quer “ser visto” por seus alunos, como uma forma de tentar exercer bem nosso ofício, mostrando nossa visão de época perfeita onde pais e mestres não ficavam nas entrelinhas, eram “as pessoas”.
Dá-nos as concordâncias certas, Pai... Tão difícil essa Língua Portuguesa, que dói.
- Me disseram... ( Professora, não seria:_ Disseram-me!)
- Claro. Eu te digo mais... ( Tia, não é digo-te?)
-Tá! Digo-te que você... ( Tia, o te e você não combinam...)
_ Hein? Lhe digo poderia ser? ( kkk...)
- ( Alunos) - O que você ia dizer?
- Que nesses dias tive vontade de partir-te a cara, ou seria lhe partir a cara, melhor; parti-la ei.... Vocês não estão vendo que estão sendo grosseiros, pedantes e chatos?
- É para o seu bem. Ta bem, fale como quiser...
- Sabes que eu esqueci-me o que iria falá-lo.
- Que paiaçada, fessora...
Nestes dias, revoltei-me contra o ENEM, devido a tantas questões dizendo ser para “o bem do aluno”. E pensei no meu aluno de escola pública... Eu o achei impossibilitado de chegar lá e comecei a justificá-lo, como se conseguisse alcançar o coração dos poderosos que querem aumentar o IDEB do Brasil a qualquer custo. Dá-nos um Brasil mais justo, Senhor; antes dele ser mais culto!
Lembro-me de quando morei em condomínio e peço também por estes: Era bom morar num Condomínio, porque o ponto mais forte era a segurança: Havia as belas casas, os jardins, os playgrounds, as piscinas, mas havia acima de tudo, segurança! Havia um circuito fechado de TV por onde era controlado tudo e só entravam os proprietários e visitantes devidamente identificados. Mesmo assim os assaltos começaram! E foram investindo em segurança pesada: torres com guardas, inspeções mais rigorosas, geral com crachá, inclusive os proprietários, nem babá entrava sem crachá, nem bebê! Os assaltos continuavam...
Decidiram eletrificar os muros! Houve até protestos, mas no final venceu a maioria e foi aceito. Geral que tocasse no fio de alta tensão em cima do muro morreria eletrificado! Se não morresse, os guardas teriam ordens para atirar e matar... Mas os assaltos continuaram! Apelo por grades, que as pessoas saíssem de casa o mínimo possível, cachorros... E ninguém podia mais temer, ninguém precisava mais temer por suas propriedades. Os ladrões só conseguiam espiar através dos grandes portões de ferro, talvez observar um ou outro condômino agarrado às grades de suas casas, melancólicos. E então surgiu outro problema: -As tentativas de fuga... Ainda bem que escapei com vida, ou meia vida, sei lá!
Que tenhamos uma semana ótima de um mês sem feriados... (Ninguém merece!) Já exausta, porque brasileiro adora um feriado, e eu sou brasileira, brasileirinha, graças a Deus!!!